O RELÓGIO DA IGREJA MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO EM MIRAÍ

Miraí, setembro 01, 2025

O Histórico Relógio da Torre da Igreja Matriz de Santo Antônio de Miraí

Aquele ano de 1911 entraria para a memória da sociedade mirahyense devido às grandes e volumosas obras realizadas na Igreja Matriz. No interior da Igreja chamava a atenção dos moradores e visitantes, o luxo e o bom gosto do novo mobiliário e retábulo, que segundo Sebastião Acácio veio importado de Portugal, no entanto, as mudanças no aspecto do Templo foram muito além da estrutura e harmonização arquitetônica. A antiga torre ganhara altura, e com ela tendo sido criado no seu interior um novo espaço. Onde antes se abrigava o pequeno sino, guardava-se um pulso de ostentação. Esteticamente por fora, ficou a torre, imponente e apresentável. Em sua base, as quatro capelinhas menores foram remodeladas, 01 em cada ponto da base, ajudando a emoldurar o conjunto. A cornija superior foi também remodelada, sendo retiradas as abas laterais que anteriormente percorriam toda a extensão do Templo. Permanecera somente a cornija da parte frontal, para dar equilíbrio à estética da fachada da Igreja. Contudo, a maior novidade estava guardada no interior da nova torre. Seu pequeno sino não mais ressoaria solitário. Por esforços de padre Dario Moura e da comunidade, o antigo vão circular, criado na reconstrução da Igreja no ano de 1866, por fim, estaria completo. Sem sombra de dúvidas, um acontecimento para ser lembrando. Após quase um ano de obras, a comunidade ouviu soar da nova torre da Igreja Matriz as badaladas do sino, provenientes do conjunto do relógio Vitaliano Michelini, fabricado em São Paulo/SP. A fábrica de relógios fundada pelo imigrante italiano em 1908 tinha como depositários e concessionários Edmond Hanau & Cia., como pode ser visto nos modelos mais antigos, a exemplo do que ainda existe na torre da Igreja Matriz. É o mesmo mecanismo que pode ser visto em torres de Igrejas em diversos Estados do Brasil, como o da Basílica de São Bento em Marília/SP e em vários países, em particular da América Latina. O mecanismo fora trazido pelo trem de ferro e chegou à localidade em meio às obras de embelezamento da Igreja. No dia da inauguração, ao cair da tarde, o martelete do mecanismo do relógio fez ressoar o pesado sino de bronze. Era o dia 28 de novembro de 1911, às 18h. Todos os moradores da Sede da Freguesia ouviram as batidas de compasso melodioso. Um pulso de ostentação, para a laboriosa comunidade Mirayense. Dois anos mais tarde, em abril de 1913, uma forte tempestade na virada da noite do dia 03 para o dia 04, fez cair um forte faísca de raio na torre recém reformada da Matriz. Além de destruir duas, das quatro capelinhas que compõem o conjunto, a descarga elétrica avariou o relógio que após ser restaurado tornou-se novamente companheiro incansável da comunidade, até o dia 12 de setembro de 1940, quando o estridente apito das chaminés anunciava a chegada da industrialização mecânica na cidade, com a Cia de Fiação e Tecidos Affonso Alves Pereira. O mecanismo do relógio marcou o compasso das horas, auxiliando moradores e visitantes até o ano de 2011, quando parou de funcionar definitivamente. Apesar de seu silêncio, ele ainda pode ser visto no interior da torre da Igreja Matriz. Guardião que se tornou das lembranças de seu zelador e amigo, Sebastião Acácio e da memória do povo, em uma época onde era o seu compasso o senhor da diligência e vontade da cidade que confiava em sua pontualidade diária.

Texto: Acadêmico Sérgio Antônio de Paula Almeida
Titular da Cadeira I - Patrono: professor Alberto Montalvão.




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